No fim do inverno amazônico (meados de março) é o momento que a maior quantidade de cardumes de aviú ou avium vem à tona. Mas afinal o que é aviú? É um microcamarão (não precisa ser “gigante” para se destacar), de sabor particular, muito abundante na foz do Tapajós, aqui em Santarém, mas também encontrado em outros Estados do Brasil. A diferença que aqui no Pará, em Santarém o tratamento culinário dado a esta matéria prima é inconfundível.
Esta espécie é captura com o puçá, um tipo de rede, tipo um saco, de náilon, onde é feito um “arrastão” nas margens dos rios para capturar esta iguaria. Uma curiosidade sobre esta espécie, é que ela é comumente encontrada em estuários e áreas costeiras tropicais, subtropicais e temperadas de vários países do mundo. Existem espécies catalogadas assemelhados ao aviú, no sudeste da Ásia e do sul da China (Acetes japonicus), onde utilizam esta matéria prima para transformar em base para elaboração de alguns tipos de curries.
Os “primos” asiáticos do Avium recebem outros nomes: terasi, (Indonésia); ngapi (Birmânia); bagoong alamang (Filipinas); mam tep ou mam tom (Vietnã); e jeung, em Cantão (China).
O saudoso chef Paulo Martins, embaixador da culinária paraense, um dos idealizadores do Ver o Peso da Cozinha Paraense, adotava o jeito caboclo do preparo. Lavar apenas com água e limão antes de torna-lo um manjar dos deuses. Em 2013, o avium ganhou um Grand chef, Laurent Suaudeau, que chamou o avium de “caviar do Brasil”, e utiliza esta maravilhosa matéria prima no preparo de pratos em sua escola de arte culinária da Rua Groenlândia, no Jardim Europa.
O “caviar do Brasil”, ainda é pouco conhecido entre os brasileiros, até entre os próprios paraenses. É possível encontrar esta matéria prima para consumo de diversas maneiras: fresco (apenas nos mercados de Santarém e em épocas especificas, de acordo com o inverno e o nível do Rio Tapajós), ou congelado, seco (forma comum à venda nas feiras e mercados do Pará, mais segura para o armazenamento). Com esta estrela entre os camarões, é possível preparar diferentes tipos de receitas, o que cabe na sua imaginação, o que é muito comum na região de Santarém é no preparo de omeletes, tortas, em recheio de salgados, farofa (muito apreciado em Santarém), além da forma de refogados, que podem ser adicionados ao arroz, massas e recheios.
Você que é amante de gastronomia, gosta do exótico, que atravessa o mundo para conhecer uma cultura através dos sabores, temperos, hábitos de um povo, você não precisa importar este produto e procurar uma receita online, aproveite e venha conhecer esta e outras riquezas da Amazônia.
No coração da selva amazônica é possível você viver intensamente esta experiência e muitas outras valiosas. Venha conhecer Alter do Chão, o “Caribe da Amazônia”, destino que encantou até a família Real Britânica, assistir ao pôr do sol mais lindo de sua vida na praia Ponta do Cururu, navegar sobre o Rio Tapajós, de água mornas, de um azul esverdeado que de olhar já dá aquela vontade de um mergulho. Visitar a FLONA, a Floresta Nacional do Tapajós, conhecer a Festa do Çairé (folclore local que encanta com lendas dos botos e a história por trás da história) e experimentar não só o Aviú, mas o Tacacá, O Pato no Tucupi, a Maniçoba, os diferentes ratos a base de peixes amazônicos e suas inúmeras formas de preparo, com técnicas indígenas que vão te deixar apaixonado por esta terra.
Omelete de aviú
Os encantos da orla O aviú é um micro camarão que habita as águas rasas do rio Tapajós. Nos arredores de Santarém, Pará, é possível encontrá-lo como ingrediente utilizado para rechear de tortas, salgados, ou omeletes.
INGREDIENTES
200 g de aviú
Sumo de 2 limões
6 ovos
2 colheres das de sopa de azeite
1 colher das de sopa de cebola batida
1/2 colher das de sopa de salsinha picada
Sal à gosto
MODO DE PREPARO
Numa bacia colocar 1/2 litro de água e o sumo dos limões. Lavar o aviú nessa água. Escorrer. Bater bem os ovos com um garfo em uma tigela. Juntar o sal à gosto. Numa frigideira, colocar o azeite e dourar a cebola. Juntar o aviú. Refogar brevemente. Juntar os ovos. Depois que a omelete estiver encorpada, virá-la sobre um prato e, por cima, salpicar a salsinha.
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